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quinta-feira, 9 de maio de 2013

COBRANÇA DE CONTEÚDO E QUALIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Com o recente e crescente acesso ao curso superior de classes sociais antes excluídas desta forma de ensino, os professores em sala de aula se vêem frente a algumas situações problemáticas:

1 - Maior número de estudantes por sala - o que pode dificultar o processo de ensino-aprendizagem pela diluição da atenção do professor entre um número maior de estudantes;
2 - Parcela significativa dos estudantes em sala com conhecimento abaixo do ideal em disciplinas básicas, mormente o português e a matemática - o que pode dificultar a compreensão de temas mais abstratos ou de nível mais elevado por parte desses alunos.

As respostas aos problemas não são fáceis, pois são equações complexas em que são computadas variáveis das mais diversas, seja o nível socioeconômico dos alunos entrantes ou o que se espera seja ensinado em sala. Entretanto, medidas administrativas e estudos profundos à parte, tenho percebido que é comum que vários professores, das diferentes instituições pelas quais transito e conheço, adquiram uma postura pragmática, a de sacrificar o nível de cobrança para compensar um menor nível de atenção dedicada a cada aluno. A cobrança "amolecida" possui ainda o benefício de avaliações mais favoráveis por parte dos alunos, que vêm na ferramenta de avaliação institucional uma forma de punir o "professor carrasco". 

Constantemente advogo a causa de avaliações mais rigorosas, sob pena de encontrarmos situações (com as quais nos deparamos) em sala de aula como alunos de fases avançadas que desconhecem o conceito de porcentagem ou o significado de palavras como "doravante". 
Ken Robinson, em seu livro "O Elemento" (ROBINSON, K. ARONICA, L, 2009)¹ fala do fenômeno da inflação dos diplomas, na qual os diplomas estão valendo menos hoje em dia, em virtude de tantas pessoas formadas, e maior formação ser necessária para os mesmos empregos. Adiciono a este conceito a ideia de que, se a qualidade percebida dos formandos decair, novamente haverá queda no valor dos diplomas emitidos. 

Observações empíricas têm demonstrado que parcela significativa dos alunos respondem positivamente a uma elevação no nível de cobrança em qualquer matéria. Embora haja levantes e descontentamento por parte de alguns, "a turma" em geral percebe que necessitam elevar sua carga de estudos, e assim o faz.

A palestra cativante do professor Freeman Habrowski (Reitor da Universidade de Maryland, Campus Baltimore) na conferência TED demonstra como a elevação no nível de exigência possui efeito positivo no desempenho acadêmico de minorias.



Ao estendermos facilidades aos alunos sob a forma de provas que não atendam a todo o conteúdo dado, ou mesmo nos atermos a ministrar menos conteúdo do que possuímos em nosso arsenal, reiteramos no aluno oriundo de minorias que ele é menos, merece menos e dele se espera menos ainda. Ao ministrar aula completas e exigir resultados melhores, lhe dizemos: "eu lhe respeito, acredito em sua capacidade."

Cabe a nós professores dedicarmos o máximo de nós mesmos a comunicar o conteúdo mais completo, da forma mais adequada e avaliar de maneira mais completa, com justiça e rigor.

¹(ROBINSON, K. ARONICA, L, The Element: how findig your passion changes everything. Allan Lane, London, 2009).

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Podcasts, produtividade e Aprendizado

O trabalho em casa (home-office) é uma realidade cada vez mais difundida. Como professor universitário, minha principal função, passo longas horas em meu escritório doméstico, pensando em tópicos, planejando e escrevendo trabalhos, retocando ou confeccionando material de aulas, etc. Essas longas horas, em que minha esposa está no trabalho e eu ainda não fui para a sala de aula, sinto falta do burburinho de outras pessoas trabalhando. Descobri uma grande forma de combater esse problema, ouvindo podcasts.

Os podcasts são programas transmitidos em formato preferencialmente apenas áudio, muito como os antigos programas de rádio. Hoje, temos podcasts de vários assuntos e com variadas extensões. 
Além do aspecto da companhia que me mantém, os podcats também tornaram-se aliados da minha produtividade e aprendizado. Explico: a Internet é um dos grandes, senão o maior, instrumento de procrastinação hodierno. Isso porque os assuntos, temas, videos, blogposts ou qualquer outro conteúdo são fragmentados para a atual pequena capacidade de atenção. Um vídeo de 6 minutos já é considerado longo. Logo, perde-se muito tempo procurando algo para assistir ou tocar enquanto se trabalha. Ao escolher um podcast que fala sobre um tema quotidiano de meu interesse, mantenho-me informado e com os ouvidos ocupados enquanto "entro em transe" e faço o que preciso fazer. 

Embora adore livros, a vida acadêmica (e a necessidade de ler por trabalho) tirou muito da graça de aproveitar um livro. Antes (do mestrado), lia-os do início ao fim. Hoje, por lê-los "profissionalmente", pulo prólogos, agradecimentos e outros elementos pré-textuais e vou direto ao índice, onde encontro exatamente o que me interessa e para lá vou, "consumindo" o livro de maneira utilitarista e mecânica. A graça acabou (com raras exceções). 

O podcast interessante sempre traz referências a obras audiovisuais que posso consultar e continuar no contínuo aprendizado. Recentemente, inclusive, percebi a evolução das ferramentas de video, como Youtube e TED.com para permitir que você busque listas de reprodução por assuntos, e deixe tocar por horas no fundo de seu ambiente de trabalho.

E você, leitor, o que acha dos podcasts? Tem alguma experiência positiva a relatar?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PPGTU PUCPR: Edital do Processo Seletivo para Professor

O Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR abriu processo seletivo para professor em aulas de Mestrado e Doutorado. O texto do edital , publicado em 16/04/2012, segue abaixo:


1. Áreas de atuação e conhecimento preferenciais:
Gestão Pública
Políticas Públicas

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sistema Viário de Florianópolis - Mobilidade Urbana - Meu artigo publicado no Diário Catarinense

Recentemente escrevi um artigo a respeito da mobilidade urbana, enviado pela ACIF - Associação Comercial e Industrial de Florianópolis para o Diário Catarinense. O artigo foi publicado, em versão resumida, no dia 11/04/2012, reproduzido abaixo:





Abaixo, disponibilizo a versão completa:

 "Se posso me atrever a opinar sobre o tema da mobilidade urbana, minha opinião é de que não há bala de prata que acabe com o problema. As dificuldades do planejamento urbano encontram as diferentes facetas da realidade de cada município e cabe a cada governante trabalhar com as ferramentas à sua disposição, orçamentárias, tecnológicas e humanas, para acomodar a necessidade imprescindível de seus moradores locomoverem-se, rápida, eficiente e confortavelmente. Não há grande centro urbano que não enfrente o problema de acomodar transporte público, carros, caminhões, motocicletas e pedestres em suas vias. Mas há, com certeza, cidades que conseguem resultados muito mais positivos que os exibidos por Florianópolis. Muito se fala sobre a solução curitibana, de vias exclusivas para ônibus e um sistema integrado. Também se aventa a construção de metrôs e a inclusão de embarcações, como barcos, balsas e catamarâs, ao sistema de transporte público da cidade. O que pude ver pelo mundo, nas cidades que visitei, como Paris, Cingapura, Boston, Miami, Washington, Nova Iorque, Lisboa, Amsterdã, Buenos Aires e outras, é que a solução para o problema da mobilidade urbana passa por planejamento apropriado, que leve em conta as características próprias do município e zonas conurbadas, e que atue além do espaço temporal de um mandato. Todas essas cidades empregam uma multiplicidade de meios de transporte e levam em conta como sua população vive, trabalha, movimenta-se e ocupa os espaços urbanos. O planejamento, a execução e o controle da malha de transportes de nosso município deve ser realizado profissionalmente, por quadro técnico competente e levado a cabo independentemente das vontades políticas de ocasião. É pelas vias urbanas que os bens e pessoas circulam, logo, as dificuldades interpostas ao trânsito destes também são obstáculos ao crescimento de nossa riqueza combinada. Pense bem: quantas horas de trabalho são perdidas em engarrafamentos? Quantas ordens de fabricação ou pedidos de compra e venda são atrasados por conta dos mesmos? Quantos turistas vêm e nunca mais voltam? Quanto movimento os bares, lojas, cinemas e restaurantes perdem porque o cidadão prefere passar o final de semana em paz em seu lar do que enfrentar vias lotadas? É esta concepção de que a liberdade de ir e vir envolve condições de segurança, eficiência e conforto para sua municipalidade que precisa permear o pensamento de nossos governantes, que, por sua vez, devem fazer uso de todos os meios disponíveis, conhecer diferentes soluções e tecnologias e estar dispostos a enfrentar as dificuldades que naturalmente advém de levar a cabo grandes projetos urbanos (orçamentárias, legais, desgaste público, etc.). Florianópolis precisa andar mais rápido."

Flávio Augusto Serra Kauling.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE MARKETING NA PRÁTICA - Alunos da Estácio Criam seus Blogs e Buscam Audiência

Uma das disciplinas que leciono na Faculdade Estácio de Sá São José é "Planejamento de Marketing". Em vez de continuar com um planejamento de aulas puramente qualitativo e teórico, estou trilhando um caminho de trabalho prático, cobrando como exercício de meus alunos que iniciem blogs baseados em seus interesses e paixões, realizem um breve planejamento de como alcançar seus objetivos propostos (que podem ser números de visitantes ou postagens, entre outros) e executem as estratégias necessárias para buscar sua publicidade almejada.

O primeiro a ficar surpreendido com a qualidade de alguns dos trabalhos fui eu mesmo, pois poucos dos alunos já tinham experiência com as ferramentas do blog. O entusiasmo de algumas das equipes ou mesmo dos poucos esforços individuais me chamou a atenção.

Me preocupo bastante com o que os autores americanos vêm chamando de "crise de engajamento", ou a quase total falta de atenção e interesse da chamada geração "Z", os "nativos digitais", que já vieram ao mundo cercado por telas coloridas e teclados por toda a parte. A pergunta principal é "como estimular alunos acostumados à super-estimulação sensorial com as ferramentas e métodos tradicionais de ensino?" 
A resposta parece ser uma só: "Não dá" - o que nos obriga a buscar outras formas e tecnologias de ensino.

Este exercício, talvez pela natureza prática e por exigir dos alunos que tragam algo de pessoal para o centro da matéria, está engajando os alunos de uma forma nova e interessante.

Confira abaixo alguns blogs:







 Abraços e obrigado pela audiência!

Flávio Kauling.

domingo, 16 de outubro de 2011

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SISTEMAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO EMPRESARIAL NA UFSC

Pessoal,

Para vocês que estão terminando a graduação ou já terminaram e pensam em voltar a estudar, o professor Dr. Mário de Souza Almeida está trazendo pela Universidade Federal de Santa Catarina o curso de especialização em Sistemas de Planejamento e Gestão Empresarial.

Os cursos de especialização se enquadram entre as pós-graduações lato-sensu, e tem seu foco em alunos que desejem ampliar e atualizar seus conhecimentos em áreas específicas enquanto continuam atuando profissionalmente no mercado. Este foco se traduz nas ementas, temática das aulas, carga horária e mesmo nos dias e horários em que as disciplinas são ministradas, geralmente nos finais de semana.

Vale a pena conferir o curso, sem dúvida um impulso na carreira de administradores e pessoas que exercem a gestão em seu dia-a-dia profissional.


A ementa e demais informações estão em anexo abaixo:



CURSO  DE  ESPECIALIZAÇÃO  EM SISTEMAS  DE  PLANEJAMENTO  E  GESTÃO  EMPRESARIAL


  • Objetivo do curso: Este curso foi concebido com o intuito de proporcionar aos participantes uma visão abrangente das necessidades de informações no ambiente organizacional, bem como das ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas para supri-las.
  • Público alvo: Graduados em nível superior em todas as áreas.
  • Disciplinas:
    • Administração de Sistemas de Informações – 30 hs
    • Planejamento Estratégico – 30 hs
    • Sistemas de Informações de Marketing – 30 hs
    • Gestão do Relacionamento com o Cliente e CRM – 30 hs
    • Fundamentos p/ o Trabalho de Conclusão do Curso – 30 hs
    • Sistemas de Administração Financeira – 30 hs
    • Seminário de Administração – 15 hs
    • Sistemas de Gestão de Pessoas – 30 hs
    • Sistemas de Plan. Controle da Produção – 30 hs
    • Sistemas de Adm. Materiais e Logística – 30 hs
    • Sistemas de Gestão de Projetos – 15 hs
    • Gestão do Conhecimento – 30 hs
    • Gestão Sustentável – 15 hs
    • Metodologia do Ensino Superior – 45 hs
    • Jogos de Empresas – 30 hs
  • Número de vagas: 42 vagas, sendo duas gratuitas para servidores da UFSC
  • Data prevista para início das aulas: 04 de novembro de 2011
  • Data prevista para término das aulas: 15 de dezembro de 2012
  • Horário das aulas:
    • Sextas-feiras, das 18h30 às 22h30
    • Sábados, das 08h00 às 12h00 e das 13h30 às 17h30 (Normalmente as aulas serão em fins de semana alternados, evitando aqueles em que haja feriado.)
  • Local das aulas: Dependências da Fepese - Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos - Campus central da UFSC)
  • Investimento: 16 mensalidades de R$ 455,00 ou 1 pagamento de R$ 6552,00 (10% de desconto para o pagamento à vista)
  • Documentação para inscrição:
    • Formulário de inscrição (solicite pelo e-mail almeida@cse.ufsc.br);
    • Cópia da carteira de identidade*;
    • 1 foto 3x4;
    • Cópia do diploma de graduação*;
    • Cópia do histórico escolar da graduação;
    • Curriculum vitae. 
    • *(apresentar o documento original no ato da entrega das respectivas cópias, ou trazer as cópias autenticadas)
  • Prazo de inscrição: De 20/09 a 28/10/11
  • Local para entrega dos documentos: Secretaria do Departamento de Ciências da Administração – CAD, no Centro Sócio-Econômico da UFSC (Campus Trindade) – (48) 3721-9374
  • Coordenação: Prof. Dr. Mário de Souza Almeida 
    • Fone: (48) 8496-8414 / e-mail: almeida@cse.ufsc.br
  • Carga horária: 420 horas-aula



Abraços a todos e bons estudos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Palestra FHC em Florianópolis. Opiniões de um estadista sobre os rumos do Brasil.

Amigos leitores, no último dia 06 de outubro, tive o privilégio de assistir à palestra proferida pelo ex-Presidente da República, o Dr. Fernando Henrique Cardoso, com o tema "por onde caminha o Brasil".


O ex-presidente, homem de luzes e sensatas palavras, teceu um apanhado geral sobre a história do Brasil e como chegamos aos tempos atuais, elegantemente dando crédito a todos os presidentes que contribuíram para o avanço de nosso país neste tempo, com destaque para Collor, Itamar, FHC (ele mesmo) e Lula - ao que complementou:  - Eu tenho um compromisso com a verdade, sou professor, preciso dizer quem fez o que. Lula é político, não tem compromisso algum com a verdade, nem sabe o que fala na maior parte das vezes.

Seu posicionamento sobre o futuro do Brasil é muito claro: temos peso político e econômico para opinarmos onde estão nossos interesses diretos, a América Latina. Não nos cabe opinar sobre o Irã, ou o conflito Israel-Palestina, pois há apenas uma potência militar mundial, os EUA, e este não é o nosso território de influência. Disse ainda o professor Fernando Henrique, que não é necessário grande PIB para sermos de 1º mundo, posto que países como a Polônia, Suécia, Suíça e outros nórdicos são grandes países sendo pequenas economias. "-Para ser um grande país, não é necessário ter um grande PIB, é necessário sermos grandes pessoas", disse, jogando peso na tarefa da educação para o crescimento.